Impactos da Pandemia de Covid 19 na Saúde Mental

Leia o artigo de Darly Dalva Silva Máximo, Psicóloga e Militante da CMP-DF

No final de 2019 começamos ouvir, principalmente por meio da imprensa, as primeiras notícias de um vírus mortal, o Coronavírus, que viria mais e não muito mais tarde avassalar o planeta Terra provocando um caos nas emoções da população e uma desorganização no sistema de saúde de todos os países por onde ele ia passando.  O Coronavírus teve as primeiras manifestações na China, mas enquanto por lá estava  nunca se imaginou que se tratava de um vírus devastador que viria matar milhões de pessoas em todo o mundo.

No inicio de 2020 já se tinha notícias de que, mesmo com todos os cuidados tomados pelas autoridades chinesas, o vírus se espalhava com assustadora rapidez que ficamos todos inseguros em relação ao futuro.

Em março de 2020 a OMS – Organização Mundial de Saúde declarou que o mundo estava diante de uma pandemia, a Covid 19. No Brasil ela já tinha se espalhado com tal rapidez que o meio científico já aconselhava ao governo quanto a necessidade de adotar medidas mais drásticas no controle da proliferação. O Ministério da Saúde no afã de colher o bônus político de situação, começou a incentivar a comunidade científica a desenvolver estudos para a produção de vacinas, buscando insumos da China que já estava bem adiantada e já tinha iniciado a vacinação da sua população exportando a matéria prima da mesma para que os países a produzisse, no entanto o nosso governo jogava contra e isso retardou o início da vacinação da população brasileira.

Com a evolução da pandemia e consequentemente o caos no sistema de saúde foi se instalando, tanto na rede pública quanto na privada obrigando as autoridades sanitárias realocarem recursos para combater ou pelo menos controlar a proliferação do vírus diminuindo assim os impactos na vida das pessoas e na economia do país. Os primeiros impactos foram na própria área de saúde, infectando os profissionais de saúde da linha de frente nos hospitais e a população idosa. À medida que os estudos sobre os males causados pelo vírus iam impactando na vida das pessoas o terror ia tomando conta delas e sistema de saúde teve que se adequar a uma nova realidade em detrimento de outras, por exemplo as cirurgias eletivas, a atenção primária e outras doenças crônicas, pois o sistema de saúde teve que deslocar servidores dessas áreas para a atenção nos serviços hospitalares.

Diante do caos instalado e com e a determinação de lockdown em vários estados foi inevitável que milhares de pessoas perdessem o seu emprego e ficassem isolados em casa sem poderem sair dela nem para comprar um pão na padaria e isso levou aqueles que ainda tinham seus empregos estocarem mantimentos e medicamentos evitando, assim, a exposição.

Com o isolamento das pessoas em seus domicílios, o medo do futuro e as perdas de seus entes queridos instalou-se o pavor coletivo chegando-se ao ponto de que o fato de alguém espirrar ou tossir perto de outro causava constrangimento.

Com o pavor coletivo instalado não foi difícil observar-se o aumento dos transtornos mentais provocados pela pandemia, bem como os traumas psicológicos provocados diretamente pela infecção ou por seus desdobramentos secundários.

O convívio prolongado no ambiente familiar aumentou o risco de desajustes nas relações familiares e o principal deles foi o aumento da violência doméstica onde os principais alvos foram as crianças e as mulheres. A mulheres acabaram sofrendo dupla violência porque ao defenderem suas crias automaticamente eram também violentadas. Estudos informam que houve um incremento em torno de 40% de casos de violência doméstica praticada contra as mulheres.

Como sabemos o ser humano é gregário e uma vez tolhido dessa condição reage de forma mais variada de indivíduo pra indivíduo. No início da pandemia algumas pessoas até gostaram da ideia de ficarem um pouco em casa com a família, mesmo que por officce home, mas estariam em casa. Com o passar dos meses nada se modificava e para agravar mais ainda a situação as notícias eram sensacionalistas por demais, a qualquer momento do dia que se ligasse os aparelhos de TV ou rádio o pânico estava instalado e quase como um mecanismo de defesa algumas pessoas acreditavam em tudo e outras não como forma de sobrevivência, vimos isso muito na população jovem, uma vez que alegavam que o vírus só pegava em velhos, esquecendo-se de que eles tinham familiares idosos.

Rapidamente a pandemia foi tomando conta do planeta e nos demos conta de que não eram só os idosos que estavam a serem infectados, mas jovens também até porque estavam se expondo mais e atualmente as crianças também.

Com a população mundial sendo dizimada, a comunidade científica debruçou-se em estudos para descobrir e criar vacinas mais eficazes que as demais e graças a esses esforços estamos mais confiantes, pois mesmo com as variantes do vírus que estão surgindo encontram uma população imunizada e os seus efeitos não são tão arrasadores em quem está vacinado.

Diante de todo o mal que a pandemia acarretou na população temos os sequelados e as suas reações psíquicas e como já mencionei anteriormente a depressão e a ansiedade (crises de pânico, comportamentos obsessivos compulsivos, alterações do sono e o abuso de bebidas alcóolicas e outras drogas) são as consequências mais comuns, que resultam em incapacidade para o trabalho, estudo e relações interpessoais. Embora o impacto da disseminação da pandemia para as doenças psíquicas ainda esteja sendo mensurado, as implicações dela na saúde mental já foram relatadas nos meios científico, mas continuamos nas nossas lutas por um mundo melhor.

Darly Dalva Silva Máximo

Psicóloga Clínica com Especialização de TCC – Terapia Cognitiva Comportamental

Membra do Setorial da Saúde e da Direção Nacional da CMP – Central de Movimentos Populares

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