Carta da CMP aos movimentos populares

A CMP Brasil – Central de Movimentos Populares, reunida em sua Plenária Nacional, na cidade de São Paulo, entre os dias 1º e 3 de Junho de 2022, reafirma sua disposição de lutar contra o fascismo, o desemprego e a carestia, acompanhada da fome e contra o governo genocida do Brasil atual.

Nossa Central, que reúne cerca de 4 mil entidades  populares de todo o país, esteve desde a sua fundação na linha de frente pela defesa da democracia, da criação e efetivação de políticas públicas  com participação popular. Organizou a Caravana dos Movimentos Populares a Brasília em 1995 no governo FHC, onde entregou um conjunto de reivindicações de diversas políticas públicas, e, ainda, participou ativamente em conselhos de participação e mobilizações de rua durante os governos Lula e Dilma.

Os retrocessos e o desmonte das políticas sociais e urbanas fazem parte de um modelo excludente de cidades e nos fazem refletir sobre nossa jornada. O racismo, o patriarcado e o capitalismo são os principais fatores determinantes da barbárie social existente nas cidades, que gera desigualdades econômicas, sociais, raciais e de gênero. A propriedade da terra e cidade seguem sem cumprir a sua função social, mesmo com a Constituição e Estatuto da Cidade apontando o contrário.

Estamos somando esforços com diversos movimentos populares, sindicais, estudantis e partidos políticos que resistiram e denunciaram o golpe, desde sua origem, na manipulação das manifestações de 2013. Estivemos junto e atuando ativamente na vigília Lula Livre em Curitiba, e nas diversas atividades e manifestações incansáveis até a libertação do ex-presidente, que foi perseguido e condenado injustamente. Vale mencionar que a CMP esteve na linha de frente na articulação dos grandes protestos pelo Fora Bolsonaro em 2021, fundamentais para impedir a tentativa de golpe no país. Nas mobilizações, lutamos também nas ruas por emprego, auxílio emergencial e vacina.

Desde o início da pandemia, nossa Central  promoveu e continua promovendo ações de solidariedade fundamentais para minimizar os efeitos da Covid-19, além de cobrar dos governos políticas de proteção social.  Estamos ainda presentes em todas as lutas por cidades justas e inclusivas. Temos a compreensão que as demandas do povo só serão alcançadas com a superação do modelo de produção capitalista.

Para a CMP, os ataques aos direitos dos trabalhadores (as), a repressão aos movimentos sociais, a perseguição e criminalização dos lutadores do povo e da mídia independente, além da destruição do parque industrial nacional, o fim ou a redução drástica de programas sociais e a reedição de uma política neoliberal, notadamente atrasada e historicamente derrotada, são efeitos do golpe ainda em andamento no país. Os constantes ataques aos direitos previstos em nossa Constituição nos levam a afirmar que já vivemos um Estado de Exceção, comandado por  militares e  milicianos que semeiam um golpe a nossa democracia, tão cara a todos nós.

O governo genocida e fascista de Jair Bolsonaro avança com o seu projeto de vender o Brasil para o capital nacional e internacional. Dentre seus objetivos destacam-se, entre outros, a venda das empresas estatais estratégicas para a nação brasileira.

A disseminação do medo através de fakenews e a exploração de bandeiras que dividem o nosso povo, se tornou uma política de estado repressora e promotora de todo o tipo de violência, racistas, de gênero, homofóbica e de criminalização contra aqueles que lutam por direitos humanos.

Em nossos  trabalhos junto ao povo trabalhador nas periferias,  temos observado uma desesperança e uma insatisfação com a política, o que tem levado muitas pessoas a se iludirem com as propostas de prosperidade e de fascistas. Outras dizem ainda estarem descrentes com a política, defendendo o voto nulo ou abstenções, prática que vem crescendo no país a cada eleição.

Para enfrentar toda essa cultura do medo, da violência e da descrença, conclamamos ao povo brasileiro, que sofre com a fome, a carestia, a falta de moradia, com o desmonte da saúde pública, com o acesso à educação pública de qualidade, para que una esforços com a CMP na luta para derrotar Bolsonaro, o bolsonarismo, o  fascismo e, assim, restabelecer a nossa frágil democracia, os direitos e a soberania.

Conclamamos a classe trabalhadora, os movimentos populares,  os intelectuais, os artistas e a juventude a se unirem conosco no debate de propostas para superar a crise e reconstruir o Brasil. É preciso recolocar nosso país num outro patamar nas relações internacionais, com altivez e autonomia.

A CMP entende que a candidatura do ex-presidente Lula é a que tem condições de abrir caminhos para suspender e revogar retrocessos e iniciar a retomada do crescimento econômico, com geração de emprego e renda. Precisamos  combate à fome, a destruição ambiental, retomar as políticas públicas de habitação, saneamento, mobilidade urbana, cultura, saúde, educação, mulheres, juventude, LGBTQIA+, combate ao racismo e a homofobia.

Entendemos que a concretização dessas propostas dependerão da mobilização popular. E para que isso aconteça é necessário fortalecer os movimentos populares. Nesse sentido, a CMP orienta sua base social a organizar, imediatamente, em conjuntos com parceiros, espaços de articulação e lutas, especialmente nas capitais e cidades médias aonde temos atuação. A nossa orientação é para que esses locais sejam denominados de comitês de luta popular, brigadas de lutas ou ainda comitês comunitários.

O mais importante é que seja uma ferramenta de articulação, diálogo e luta sintonizada com os reais  problemas que atingem o povo. O objetivo é contribuir para dar um caráter de massividade no debate político e de propostas para o projeto democrático e popular das eleições de outubro.

Fora Bolsonaro e todos os fascistas!
Pela democracia, por direitos!

03 de Junho de 2022
Central de Movimentos Populares (CMP)

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