A Central de Movimentos Populares do Estado de São Paulo (CMP-SP) manifesta indignação e repúdio diante da demissão arbitrária e injustificada do médico de família e comunidade Marco Antonio dos Santos, o Marcão, pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) em 24 de maio de 2022. Marco Antonio era médico da comunidade indígena Pankararu na UBS Real Parque, posto que ocupou pela reconhecida especialidade em saúde indígena, pelo trabalho de mais de 15 anos de assistência médica à população do Butantã, pelo compromisso com a participação social como princípio da efetivação do direito à saúde e pela luta por direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.
A demissão é mais uma demonstração do completo descaso da SPDM com o atendimento à saúde da população de São Paulo, sobretudo dos setores mais vulneráveis, como é o caso da comunidade indígena Pankararu e demais moradores do Real Parque. Além de, inquestionavelmente, ser o médico mais preparado para a atenção à saúde indígena, Marco Antonio contribuiu para uma verdadeira revolução no atendimento aos usuários da UBS Real Parque, que antes de sua chegada levava até sete meses para agendar uma consulta e hoje realiza acesso avançado, com espera de no máximo uma semana. Isso foi possível graças a seu engajamento para agregar profissionais e estruturar a equipe azul do Real Parque, conquistar uma nova equipe de Estratégia Saúde da Família (ESF) para atender a região da favela do Jardim Panorama, uma das mais vulneráveis do Butantã. A CMP é testemunha desse trabalho por acompanhar o conselho gestor da Supervisão Técnica de Saúde do Butantã e por ter uma parceria com a comunidade indígena Pankararu, com realização de ações de solidariedade durante a pandemia.
O engajamento de fato contrasta com o péssimo padrão de atendimento das unidades administradas pela SPDM em toda a cidade, fato que acompanhamos por conselheiros e conselheiras vinculados à CMP e atuantes em diferentes regiões que sofrem com o descaso da SPDM. No entanto, chama a atenção que, mesmo diante de um trabalho de reconhecida importância, a SPDM opte por reiterar seu padrão autoritário de relação trabalhista e social. Basta de SPDM na cidade de São Paulo!
Defendemos que Marco Antonio dos Santos seja imediatamente reintegrado aos trabalhos na UBS Real Parque, e que o Conselho Municipal de Saúde, o Ministério Público, a Defensoria Pública, o Tribunal de Contas do Município e a Comissão de Saúde da Câmara dos Vereadores instaurem processos de apuração dos abusos de poder e mau uso de dinheiro público pela SPDM, assim como de responsabilização da Prefeitura de São Paulo, que não pode se omitir na gestão dos serviços de saúde da cidade.
Fica, Marcão!
Fora, SPDM!