CMP repudia reintegração de posse na Casa de Referência de Mulheres Soledad Barrett em PE

A Central de Movimentos Populares de Pernambuco (CMP-PE) repudia veementemente a reintegração de posse promovida pelo prefeito de Recife, João Campos (PSB), na Casa de Referência de Mulheres Soledad Barrett, nesta terça-feira (20). A Ocupação é organizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benário, em uma casa que estava há 10 anos sem cumprir função social.

Nesta manhã (21), um verdadeiro aparato de policiais militares e guardas municipais chegaram de forma violenta e arbitrária expulsando as mulheres que estavam em atendimento. Essa postura de arrogância e de insensibilidade fortalece ainda mais os índices de violência contra as mulheres, tendo Pernambuco como o terceiro estado com mais assassinatos do país. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a violência contra a mulher aumentou em 40% em 2021, atingindo de forma mais cruel as mulheres negras e periféricas.

A ousadia de organizar uma ocupação para se construir um equipamento público de atendimento às mulheres vítimas de violência é por si só um grande ato de coragem, mas também de necessidade, uma vez que os equipamentos públicos não conseguem suprir toda a demanda nem chegar em nossos territórios.  Sendo assim, a CMP-PE reitera a necessidade de políticas públicas e reformulação dos serviços de proteção a todas as mulheres. Crime não é ocupar uma casa abandonada por mais de uma década, mas sim ser cúmplice da violência patriarcal de estado insuficiente.

É muito simbólico que na data de hoje, dia em que nacionalmente estamos mobilizadas e mobilizados para a continuidade da suspensão dos despejos em período de pandemia, a prefeitura de Recife realize essa ação criminosa promovida por João Campos.

 A Campanha Despejo Zero, é uma articulação da qual a CMP-PE integra com mais de 20 outros movimentos e organizações. Nesta manhã, protocolamos no TJ-PE um pedido para que seja instituída uma reunião técnica para próxima semana, tendo em vista o acompanhamento dos processos de despejos e violação de direitos, já que no próximo dia 30 se encerra o prazo da suspensão de despejos em nível federal.

Crimes, como o despejo do Centro de Referência Soledad Barret, ameaçam hoje mais de 342.724 mulheres em todo o Brasil. Segundo o dossiê da Campanha Despejo Zero, 75.410 mulheres sofreram despejo durante a pandemia.  Hoje, mais de meio milhão (569.540) de pessoas estão ameaçadas de serem retiradas à força de suas casas no país.  

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