A Central de Movimentos Populares (CMP) participou entre os dias 26 e 28 de janeiro de uma série de protestos no município de Guajará-Mirim, em Rondônia, contra a construção de duas usinas hidrelétricas na região. Uma delas se refere a usina de Cachoeira de Ribeirão, no distrito de Yata, que seria obrigatoriamente binacional pela proximidade com a Bolívia. E a outra é a usina Cachuela Esperanza, em território boliviano. Com o objetivo de sensibilizar autoridades públicas e comunidades que serão afetadas diretamente pela construção das usinas hidrelétricas, a ação, coordenada pelo Comitê de Defesa da Vida Amazônica na Bacia do Rio Madeira (COMVIDA), da qual a CMP faz parte, contou com a participação de campesinos, pescadores, além de coletivos organizados de mulheres, indígenas e jovens.
Anunciado em 2020, ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a construção da hidrelétrica binacional Cachoeira de Ribeirão seria no Rio Madeira, acima do município de Guajará-Mirim. O projeto é estimado em cerca de US$ 5 bilhões e, diferentemente do que declarou o diretor-geral brasileiro de Itaipu na época, o general Joaquim Silva e Luna, movimentos populares e sociais denunciam que a hidrelétrica provocaria a morte de rios, povos e comunidades inteiras na Bacia dos Rios Madeira, Teles Pires, Juruena, Xingu, Tapajós, entre outros, com a finalidade única de gerar energia.
Protestos
A mobilização na fronteira do Brasil com a Bolívia teve início na quinta-feira (26) com panfletagens no município de Yata, onde vivem cerca de 400 famílias. Eliel Cunha, dirigente nacional da CMP, participou da ação e destaca que as consequências geradas com as Hidrelétricas já construídas no rio Madeira, em Santo Antônio e Jirau, foram usadas como exemplo de que o projeto deixará um marca de destruição e negação de direitos dos povos que dependem da pesca, da agricultura, da caça e do meio ambiente para a sua sobrevivência.
“A panfletagem em Yata foi bastante positiva. Fomos nas casas conversar com a população e explicamos que tirar a floresta, a terra e os rios daquela localidade é a mesma coisa que condená-los a uma vida com futuro incerto e de privações no ambiente urbano. A população foi muito receptiva e bem consciente de seus direitos. Fechamos a atividade com uma roda de conversa. E há um pedido para a realização de um seminário nosso com a comunidade, além do desejo deles de a gente visitar uma feira agroecológica promovida pelos moradores”, disse.

Na sexta-feira (27), as mobilizações continuaram com visitas dos movimentos populares e sociais na parte central da cidade de Guajará-Mirim. Por lá também houve panfletagem e muito diálogo com os comerciantes. Um educomunicador popular com megafone teve o papel de alertar a população para que a abra os olhos e defenda os recursos naturais fundamentais para a nossa vida. “O capitalismo, por meio da construção de uma nova hidrelétrica, destruirá sem dó e nem piedade nossos rios e florestas, devastando o meio em que vivemos”, alertou o educomunicador.

No último dia de mobilização, no domingo (29), as ações do COMVIDA deram segmento no ramal do Pompeu, na Reserva Extrativista do Rio Ouro Preto, localizada nos Municípios de Guajará-Mirim e Vila Nova Mamoré . Por lá, foram instalados painéis solares em um evento acompanhado por membros do COMVIDA, da Associação dos Seringueiros e Agro-Extrativista do Baixo Rio Preto (ASAEX) e do Coletivo Rio Ouro Preto Sustentável (CROPS). A ação da instalação dos painéis foi, inclusive, um contraponto ao projeto das usinas hidrelétricas no Brasil e na Bolívia.
“Representar a CMP em uma agenda como essa, em defesa dos rios panamazônicos, é uma contribuição muito importante. Nós dos movimentos populares nos juntamos com outras organizações da Bolívia para dizer não a ganância do capitalismo. Não aceitaremos a construção da hidrelétrica binacional e, por essa razão, estamos organizados para fazer esse enfrentamento. Não aguentamos mais a pressão sobre nossas vidas, e aos recursos naturais fundamentais para nossa existência”, disse Eliel Cunha.









Veja abaixo os folderes distribuição para a população local: